René Descarte, fundador da filosofia moderna
e do racionalismo
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A
filosofia moderna é caracterizada pela preponderância da epistemologia sobre a metafísica. A justificativa
dos filósofos modernos para essa alteração estava, em parte, na ideia de que,
antes de querer conhecer tudo o que existe, seria
conveniente conhecer o que se pode conhecer.
Geralmente considerado
como o fundador da filosofia moderna, o
cientista, matemático e filósofo francês René Descartes(1596-1650)
redirecionou o foco da discussão filosófica para o sujeito pensante. O projeto
de Descartes era o de assentar o edifício do conhecimento sobre bases seguras e
confiáveis. Para tanto, acreditava ele ser necessário um procedimento prévio de
avaliação crítica e severa de todas as fontes do conhecimento disponível, num
procedimento que ficou conhecido como dúvida
metódica. Segundo Descartes, ao adotar essa orientação, constatamos
que resta como certeza inabalável a ideia de um eu pensante: mesmo que o
sujeito ponha tudo em dúvida, se ele duvida, é porque pensa; e, se pensa, é
porque existe. Essa linha de raciocínio foi celebrizada pela fórmula “penso, logo existo”
(cogito ergo sum). A
partir dessa certeza fundamental, Descartes defendia ser possível deduzir
rigorosamente, ao modo de um geômetra, outras verdades fundamentais acerca do
sujeito, da natureza do conhecimento e da realidade.
No
projeto cartesiano estão presentes três pressupostos básicos: (1) a matemática, ou o método dedutivo adotado pela matemática, é o modelo a
ser seguido pelos filósofos; (2) existem ideias inatas, absolutamente
verdadeiras, que de alguma forma estão desde sempre inscritas no espírito
humano; (3) a descoberta dessas ideias inatas não depende da experiência – elas
são alcançadas exclusivamente pela razão. Esses três pressupostos também estão
presentes nas filosofias de Gottfried Leibniz (1646-1716) e Baruch Spinoza (1632-1677), e constituem a base do
movimento filosófico denominado racionalismo.[57]
Se
os racionalistas priorizavam o modelo matemático, a filosofia antagônica – o empirismo –
enfatizava os métodos indutivos das ciências experimentais. O filósofo John Locke(1632-1704)
propôs a aplicação desses métodos na investigação da própria mente humana. Em
patente confronto com os racionalistas, Locke argumentou que a mente chega ao
mundo completamente vazia de conteúdo – é uma espécie de lousa em branco ou tabula rasa; e
todas as ideias com que ela trabalha são necessariamente originárias da
experiência.[58] Esse pressuposto também é adotado
pelos outros dois grandes filósofos do empirismo britânico, George Berkeley (1685-1753) e David Hume(1711-1776).
As
ideias do empirismo inglês também se difundiram na França; e o entusiasmo com
as novas ciências levou os intelectuais franceses a defender uma ampla reforma
cultural, que remodelasse não só a forma de se produzir conhecimento, mas
também as formas de organização social e política. Esse movimento amplo e
contestatório ficou conhecido como Iluminismo. Os
filósofos iluministas rejeitavam qualquer forma de crença que se baseasse
apenas na tradição e na autoridade, em especial as divulgadas pela Igreja Católica. Um
dos marcos do Iluminismo francês foi a publicação da Encyclopédie.
Elaborada sob a direção de Jean le Rond d’Alembert e Denis Diderot, essa
obra enciclopédica inovadora incorporou vários dos valores defendidos pelos
iluministas e contou com a colaboração de vários de seus nomes mais destacados,
como Voltaire,Montesquieu e Rousseau.
Em
1781, Immanuel Kant publicou a sua famosa Crítica da
Razão Pura, em que propõe uma espécie de síntese entre as teses
racionalistas e empiristas. Segundo Kant, apesar de o nosso conhecimento
depender de nossas percepções sensoriais, essas não constituem todo o nosso conhecimento, pois existem
determinadas estruturas do sujeito que as antecedem e tornam possível a própria
formação da experiência. O espaço, por exemplo, não é uma realidade que
passivamente assimilamos a partir de nossas impressões sensoriais. Ao
contrário, somos nós que impomos uma organização espacial aos objetos. Do mesmo
modo, o sujeito não aprende, após inúmeras experiências, que todas as
ocorrências pressupõem uma causa; antes, é a estrutura peculiar do sujeito que
impõe aos fenômenos uma organização de causa e efeito. Uma das consequências da
filosofia kantiana é estabelecer que as coisas em si mesmas não podem ser conhecidas. A fronteira
de nosso conhecimento é delineada pelos fenômenos, isto é, pelos resultados da
interação da realidade objetiva com os esquemas cognitivos do sujeito.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA filosofia moderna procura distanciar o máximo possível de todas as orientações e influências religiosas. Para isso parte-se do pressuposto de que a sociedade, o pensamento e as ações deveriam ser orientados pela razão, leia-se neste caso, a ciência. Todo olhar limitado e que não seja crítico, ou seja, toda a educação baseada em crenças e superstições, vinculadas a antigas formas de organizações sociais devem ser superadas.
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